Batiente - Mão de Fátima, PUEBLA DE SANABRIA

HAMSA - A MÃO DE FÁTIMA
Por António Coutinho Coelho
Hamsa (Árabe: خمسة‎ khamsah, Hebreu: חַמְסָה, significa cinco) é um amuleto bastante popular no Médio-Oriente e Norte de África.
Existem evidências arqueológicas do uso da hamsa como um escudo contra o mau-olhado já antes do Judaísmo e do Islão. Há indícios de que a hamsa seria um símbolo fenício, associado a Tanit, deusa-mãe de Cartago cuja mão ou vulva afastava o mal.
Chamado “hamsa” ou “khamsa” este amuleto com forma de mão aberta é considerado uma potente protecção contra o mau-olhado, a inveja e os maus pensamentos em todo o norte de África e parte do Médio Oriente, bem como na Península Ibérica em que perdurou graças à influência berbere no al-Ândalus.
A palavra “Hamsa” ou (khamsa) significa “cinco” que nas religiões muçulmana e judaica tem um valor sagrado. Cinco são, de facto, os sagrados livros da Torah e recorda também a quinta letra do alfabeto hebraico, “Heh”, um dos nomes sagrados de Deus.

Hamsa Judaica, com bençãos (Dorit) Hamsa Islâmica

Para os Shiitas, os cincos dedos representam Muhammad, a sua filha Fátima, o seu marido, Ali, e seus dois filhos, Hassan e Hussein: o Profeta Muhammad representado pelo dedo polegar, Ali pelo indicador, Fátima pelo dedo médio e os seus filhos Hassan pelo anelar e Hussein pelo mínimo.

Para os Sunitas representa os cinco pilares do islão: a recitação e aceitação da crença (Chahada ou Shahada); orar cinco vezes ao longo do dia (Salá, Salat ou Salah); pagar esmola (Zakat ou Zakah); observar o jejum no Ramadão (Saum ou Siyam); fazer a peregrinação a Meca (Hajj) se tiver condições físicas e financeiras.

Para os judeus, nomeadamente sefarditas, a hamsa é a mão de Miriam, a irmã de Moisés e Aarão. O símbolo também é associado à Torah, que é composta por cinco livros.

A hamsa também aparece no Budismo; é chamada de Abhaya Mudra e possui conotação semelhante à descrita, significando a dissipação do medo.

A Mão de Fátima, como batente de porta. O anel no dedo médio – o dedo de Fátima

Fátima, a filha do Profeta Muhammad casada com Ali, sobrinho do pai. A eles foram atribuídos muitos milagres. Conta-se que quando se encontraba a rezar no deserto, a sua fé era de tal forma forte e poderosa que era capaz de conseguir fazer chover, brotando na areia do deserto uma grande quantidade de esplêndidas flores.

Como muito bem nos diz António Rei (em A “Mão de Fátima”. Uma imagem ritual islâmica de protecção, IEM / FCSH-UNL, 2005):

Continuamos encontrando muitos batentes com a forma de mãos, absolutamente idênticos a muitos que enchem ainda muitas portas e portais em todo o Magrebe e que continuam a perpetuar, lá e cá, a protecção da Mãe - a Mulher em que encarna o poder criador para transmitir a Vida.

Assim, a ‘Mão de Fátima’ continuará, de alguma maneira, lançando a sua sombra protectora sobre as entradas de diferentes e secretos mundos femininos, aqui «onde a terra acaba e o mar começa».
(3 de Abril de 2015)